Em nota, a empresa afirma que a demissão foi uma decisão gerencial por questões profissionais. 

O Sinterp-BA está acompanhando desde a divulgação o caso do jornalista Hildazio Santana, ex-funcionário da TV Bahia, que acusa o diretor de jornalismo, Eurico Meira, de racismo. A entidade buscou o posicionamento dos dois lados e vem, primeiramente, tornar público o repúdio a qualquer ato de racismo, ou injúria racial – crime que tornou-se imprescritível, de acordo com decisão publicada ontem, 29, do STF, Supremo Tribunal Federal.

O jornalista, demitido este mês, afirma ter sido acusado de tentar furtar uma cafeteira que, segundo ele, moveu de uma sala para a outra, dentro da própria empresa, como mostram as câmeras de segurança, apenas para poder usá-la. O diretor de jornalismo, Eurico Meira, teria o levado a uma sala, coagido, insinuado a tentativa de furto, chegando a perguntar qual o tamanho da mochila do então funcionário, e, posteriormente, o desligou da empresa. Hildazio, que tinha quase 20 anos de casa, acredita que foi vítima de racismo. Ele entrou com uma representação no Ministério Público. Também prestou queixa na vara criminal por calúnia e difamação.

Em nota, a Rede Bahia disse “se tratar de uma decisão gerencial, natural do dia a dia de qualquer empresa privada, decisão essa embasada em questões profissionais, sem qualquer viés persecutório e/ou discriminatório”. Afirmou ainda que “sempre trata os colaboradores com respeito, igualdade e seriedade” e que os demais desdobramentos “serão tratados nas esferas e instâncias competentes”, concluiu.

Para o Sinterp-BA a nota de esclarecimento da empresa em nada esclareceu o ocorrido, ao ser, como é de costume nos casos polêmicos, generalista, sem dar a devida atenção à denúncia, que envolve um dos temas mais caros à nossa sociedade, o racismo. O respeito perpassa, entre outras coisas, por dar o devido peso aos assuntos, inclusive àqueles que são contrários à boa imagem institucional. Tal comportamento abre margem, inclusive, aos inúmeros boatos que há alguns anos rondam a empresa, de retaliações e perseguições na tentativa de driblar os direitos dos trabalhadores.

A Rede Bahia tem criado quadros em seus programas ligados a emprego, empreendedorismo, mas, em contrapartida, promove praticamente todos os anos demissões em massa. Nos últimos dois anos foram mais de cem desligamentos na TV, inclusive de cargos considerados de confiança, em diversos setores. Além dos casos dúbios isolados, como aconteceu com o jornalista Hildazio Santana.

Existem dezenas de processos na justiça contra o grupo aqui no estado. Não só os individuais, como os coletivos ingressados pelo Sinterp-BA. Muitos se arrastam ao longo dos anos, sem respostas, deixando dezenas de profissionais hiper-capacitados desprestigiados, da mesma forma que foram dispensados pela empresa. Rasga-se, assim, toda história de vida dedicada ao que essas pessoas mais amam fazer: a boa comunicação .